quinta-feira, 10 de julho de 2014

Intercâmbio: Momento de troca de saberes e sabores


Desde o dia 22 de Maio até o presente momento os agricultores/as dos municípios de Inhapi e Mata Grande estão em processo de intercâmbio. As trocas de experiência estão mudando a visão daqueles que vão receber a nova tecnologia, a história de superação de cada família que visitaram transforma o olhar trazendo esperança.  
            Na propriedade de seu Edezio Alves Melo, 61, no sitio Bananeira em São José da Tapera, os visitantes ouviram atenciosamente tudo que ele havia para passar. Seu Dedé como é conhecido, é o mais novo de 5 irmãos e começou a trabalhar na roça desde os 5 anos de idade e logo cedo aprendeu que “a água é vida e sem água ninguém vive”.  Dedé conta que no dia 5 de novembro de 2007 chegou o programa da P1+2 com a barragem subterrânea, através da Visão Mundial, “minha vida mudou muito em maio de 2008 já comecei a plantar os primeiros canteiros (1 de coentro, 1 de cebola e 1 de alface), estou feliz porque hoje trabalho em casa e dessa roça vivem 4 famílias” acrescenta seu Dedé. Aos poucos ele começou com recursos próprios a construir outra cisterna que hoje acumula mais de 25 milhões de água e a grande está acumulando 75 bilhões de água. Ele sugere aos ouvintes que o sucesso no campo é o policultivo e a produção sem veneno, sem queimadas, para não matar o solo. Por conta dessa diversidade vários alunos, de diversas faculdades, fizeram suas teses de doutorado em sua propriedade e recebe visitas de universidades, jovens experimentadores, de projetos da região e ate de projetos internacionais. Ele come o que produz e o excedente vende numa banca de verdura que tem na cidade de São José da Tapera. Edezio já ganhou o premio destaque de agricultor familiar 2009, 2010, 2011 e 2012, mas está ajudando outros agricultores para que no próximo ano eles possam a vim concorrer com ele.
            Os agricultores/as visitaram, também, a propriedade de Sebastião Damasceno, 58, no sitio Cabacero em Santana do Ipanema. Ele como agricultor agroecológico, diretor sócio cultural administrativo da comunidade e participante dos movimentos sociais, reconhece que para saber plantar as sementes crioulas e colher um produto saudável, precisa de conhecimento ele diz que é “através dos encontros e de intercâmbios como esses, que se aprende os saberes e os sabores da agricultura familiar.”  Em sua terra tem uma barragem subterrânea, que foi parceria com a Cactus e Coppabacs, com ela seu Sebastião trabalha com apicultura, avicultura e agropecuária. Defensor da fauna e da flora fala sobre respeitar a cadeia produtiva, “a terra precisa de ar e com os animais que fazem os buracos para entrar água e trás vantagens para a plantação”, repassa Sebastião que também tem um carinho pelas sementes, chegando a colecionar mais de 50 tipos de sementes e ensina pela experiência que a diversificação é a melhor solução para o comércio.
            Ainda em Santana do Ipanema no sitio Nossa Senhora Aparecida, mais conhecida como comunidade Lages II, vive o Seu Flamarion Rodrigues Damasceno, 65, casado pai de 8 filhos e avicultor, passa todas as informações sobre a criação de aves aos seus visitantes. Ele conta que começou com 60 aves, que adquiriu com o programa da prefeitura (PAF), com 30 aves de corte e 30 de postura e assim continuou, hoje depois de 4 anos aumentou a criação para 500 aves, rendendo mais ou menos 260 ovos por ano. A comercialização se dá através de convênios com o governo, pois afirma Flamarion que “nada a gente pode fazer só, tem que ter um grupo ou uma parceria, por que hoje não se cresce só”.  Ele antes criava, há 39 anos, galinha capoeira, mais depois que começou com o programa do PAF não podia misturar as galinhas por conta da contaminação e preferiu ficar com as de postura, pois a de capoeira só rendia cerca de 60 ovos por ano.
            Em Mata Grande no sitio Boa vista, na casa de Djanira Daniel da Silva, tem uma cisterna calçadão em sua propriedade há aproximadamente 2 anos, construída pelo Cdecma. Com essa tecnologia ela conseguiu fazer seu quintal produtivo bem diversificado e criar ovelha, boi, cavalo e porco. Ainda no sitio Boa vista tem a propriedade de seu Mareval Fagundes, que tem uma cisterna de enxurrada, também executada pelo Cdecma e conta como era difícil sua vida sem o acesso a água. Com menos de dois anos que está com a cisterna, já consegue comer do que planta.
            Ainda em Mata Grande, na comunidade Ouricuri, Seu Fagner Barbosa cria cabras leiteiras e passa todo o seu conhecimento sobre a quantidade de leite que retira, a alimentação e os cuidados com as cabras. Com 120 cabeças de cabras e cabritos (da raça: boé, sava e parda alpino), ele fala que escolheu essa atividade porque é fácil de manejo e elas consomem menos que outras criações. Fagner costuma retirar o leite 2 vezes ao dia e alimenta as cabras com palma, capim, mato e sal mineral. Ele usa dois sistemas para a criação: No verão ele usa o sistema intensivo - no curral o dia todo; no inverno o semi-intensivo - no curral e pastagem.
            Na comunidade do Copo em Mata Grande, Visitaram a barragem subterrânea de Dona Maria Leonora Pereira Bias, que foi construída pela Coppabacs e com essa ela conseguiu fazer um quintal produtivo além da criação de animais e a produção de sabonetes de ervas.
            No final todos saíram muito satisfeitos com o conhecimento colhido e quando viram as tecnologias sociais prontas, pois ficaram sabendo a quantidade de coisas que se pode fazer com a água e como aproveitar cada detalhe da natureza para se produzir.




Keila Gomes
Comunicadora Popular – Coppabacs/ASA Alagoas.

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