Todos
os dias na comunidade Boa Vista, localizada no município de Mata Grande-Al,
via-se de longe que nenhum empecilho iria tirar o foco de Mareval Fagundes de
Souza, 55, que com muito esforço e dedicação conseguiu transformar a sua
propriedade vazia e sem vida em um quintal produtivo. Justo em dias como esses,
de chuva, acorda não toma café, vai logo olhar para os animais, em seguida dá
de comer aos bois, e agora sim tomar café. Depois de tudo organizado é hora de
cuidar da terra, sua prioridade é que esteja tudo preparado para receber a
chuva do inverno.



Sempre
viveu da agricultura e acha a terra do município um solo bom para plantar, ele
se dá com todo mundo da comunidade, sempre procura ajudar todos a sua volta. Como
sócio da associação comunitária, não gosta nem de se atrasar para as reuniões,
acreditando que a união é a chave para o sucesso de uma comunidade. “Quando
eles precisam eu estou junto, e até eu sirvo mais do que chamo eles para me
servir, que cada um é assim, quem gosta de servir quando vê o outro no aperto,
se eu puder vou sem ninguém me convidar, as vezes quando tem uma ovelha para
parir, então eu vou lá, eu dou uma ajuda boa, para salvar a vida de um bichinho”,
afirma seu Mareval.
Na comunidade Boa Vista vivem aproximadamente 150
famílias e cerca de 30 foram beneficiadas com a segunda água, pelo Projeto uma
terra, duas águas (P1+2), executado pela Articulação do Semiárido Brasileiro
(ASA), através do Centro de Desenvolvimento Comunitário de Maravilha (CDECMA).
As sementes ele adquiriu através do sindicato de Mata
Grande, que funciona como um banco de semente, “eu gosto de pegar as sementes,
me manter e devolver a mesma lavoura para eu ter um caminho aberto quando for
buscar, eu plantei cerca de 15 quilos de milho e espero colher 30 sacos, pois o
tempo está muito bom, está sadio, chove e faz quentura, porque quando o inverno
é frio a lavoura não aumenta muito não, mais quando é assim aberto, chove,
abre, ai é saúde para ela e graças a Deus até o inseto não olhou para nossas
coisas mais, por que nós já sofremos 4 anos de seca sem ver nada”, repassa
Mareval mudando a visão que tinha em relação ao semiárido, vivenciando agora os
benefícios da agricultura.
Na mesma propriedade havia uma casa de farinha, lá ainda
existe o motor, mais a produção terminou com a seca que durou 4 anos e acabou
com a semente para renovar o plantio, não é fácil, renovar a plantação, Dona
Maria do Socorro queria desmontar a casa, mas o esposo acredita que tudo pode
voltar a ser como antes, “quem sabe Deus não melhora tudo e voltamos a fazer a
farinha”.
A farinha da roça rende muito mais que o quilo comprado
da feira, se for a farinha da roça o saco custa 165,00 reais, se for da feira o
quilo custa 4,00 reais, sendo o de feijão 100,00 reais e o de milho 30,00
reais, seu Mareval considera mais lucrativo plantar mandioca. Ele plantou 15 quilos de feijão e pretende
colher 10 sacos lá para setembro e de milho plantou 15 quilos e pretende colher
30 sacos lá para outubro, pois o milho rende mais na safra.

No quintal produtivo de seu Mareval, em pouco espaço tem
muita coisa, cria galinhas para consumo, 2 bois para o trabalho, 2 cavalos e
planta: feijão de corda, maxixe, mamão, capim, pinheiro, milho, andu, capim
santo, seriguela, bananeira, abacaxi, coentro, pimentão, cebolinha, roseira,
fava, castanhola, acerola, uva, goiaba, limão, feijão, laranjeira, mastruz,
alho, hortelã, erva cidreira e plantas medicinais.
Dona Maria do Socorro tem a pretensão de plantar tomate
para completar a sua horta e seu Mareval deseja criar ovelha, não pode comprar
por que está caro, e fala do sentimento de saudade de cria-las, espera que,
quando estiver comercializando o excedente do seu quintal produtivo, consiga
comprar as ovelhas.
Keila Gomes
Comunicadora Popular – Coppabacs/ASA Alagoas.
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